Por ali anda um alguém
Tão sobressaltado que de seu casaco
Percebe-se que de lá não é
Carrega em si
Um livro qualquer que até mais é
Apenas lástimas de sua prevaricação
Num monte ali
Onde crianças cortejam
Rui o vento que se leva desajeitado
Para o alto de uma Macieira
Na areia do lago
Bem úmida e quente
Passa ali muita gente
Que se esquece de ver a água
Pois com medo do lago
Quer apenas corrente
O homem entrega-se ao desejo
E dá a um marceneiro
O seu poço de lamento
Escreve assim na capa
"Adeus, minha Alma"
No lago odiado
Vá-se homem até lá
Das crianças se esconde
De uma maçã desfruta
Na beira do lago sussurra
"Desconheço quem seja
Mas de ti não tenho medo
Porque eu sei, não sou perfeito"
À água adentra
A gente nem percebe
Apenas o marceneiro
Que longe, lendo o texto
Ver-se chorar de doer peito
Lá estava, na capa
"Adeus, minha Alma"

Lucas Vasconcelos
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