Eis o vinho!
Eis a chuva!
Roxa é a uva;
Branco, o linho.
 
Desejo o ninho
Dos ovos de ouro!
Eis, então, o tesouro,
Botija do meu pinho.
 
Do vinho, bebo;
Do tesouro, gasto.
Bem-vindo ao pasto,
Aqui tudo é sebo.
 
Quero meu gole
Do branco ou tinto;
É que estou faminto
Do vinho que me engole...
 
Salve a videira dos anos!
O vinho é meu mestre;
Nele me afogo, pedestre
Do tempo e dos danos...
 
Eis o vinho, ainda!
Sabor dos parreirais;
Cambaleio, mas vou atrás
Dessa bebida assaz linda!
 
Dionísio me despertou
Através das doses da vida;
Agora já não há mais saída,
Beber que beber: vinho, amor!
 
À cata da noite estrelada,
Dá-se com o vinho a tiracolo;
E, para a festa, convido Apolo
 A brindar dos deuses à sua fada!
 
 
DE  Ivan de Oliveira Melo
 
 
ESTE POEMA É UM DITIRAMBO.

 
Na Grécia Antiga, poema dionisíaco.

Ivan de Oliveira Melo
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