NÃO ME LEMBRO
Não me lembro!
Interessa lembrar?

Não me lembro de tropeçar na luz,
de tropeçar no verde,
de me encantar com o azul,
adormecer no cinzento
e sonhar no preto!

Não me lembro do que
nesse tempo era!
Fiz um castelo
de esquecimentos,
onde passeio, pelas
altas muralhas do passado
e setas, atiradas
por guerreiros de esperanças
tentam conquistar a torre do futuro!

Não me lembro.

Agora,
a batalha do presente é
saber onde a entrada da cisterna
para me dessedentar de ânsias,
onde a serena superfície faz de espelho,
onde, meus espantos,
espantados
se esquecem dos passados
e são ignorantes do futuro!

Meu castelo, com altas muralhas,
tão altas que são!
porém, baixos seus alicerces no chão!

Só a água da cisterna
me faz de espelho,
onde vejo a profundidade eterna
do ontem, do hoje e do amanhã.

Até amanhã

Silvino Taveira Machado Figueiredo
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