GANGORRA - por Olavo Nascimento
 
A nossa vida bem que se parece,
Com um balão que sobe e desce,
Ou uma gangorra que vai e vem.
Um dia você termina, dá um fim,
Num outro dia procuras por mim,
Querendo prazer como ninguém.
 
Esta vida de gangorra-balão,
Que muito agita esta paixão,
Depende dos dias da semana.
Tem dia que você me renega,
Mas noutro você se entrega, 
Procura por mim e me chama. 
 
Chega o dia do outro abraço.
E fico sem saber o que faço,
Com seu noivo te assumindo.
Fico curtindo minha saudade,
Sofrendo com a infelicidade,      
Da sua ausência no domingo.
  
 
Noutro dia está arrependida,
Mostra-se um tanto perdida,
Com uma tristeza profunda,
Tento ganhar o seu sorriso,
Mas eu nunca consigo isso.           
No reencontro de segunda.
 
No outro dia eu não desisto,
E com palavras ainda insisto,
Pedindo que não desapareça,
Você pensa e nada responde,
Mas no olhar que se esconde,
Traz esperança nessa terça.
 
Num dia de meio da semana,
Eu lhe mostro como se ama,
Com meus poemas e cartas,
Com proteção, muita malícia,
Conforto, abraços e carícias.
Eu lhe reconquisto na quarta.
 
No outro dia é toda minha,
Não lhe deixo ficar sozinha,
Numa tela que a gente pinta,
Você dispensa o outro lado,
Querendo-me como namorado
Nesta grande feira da quinta.
  
Noutro dia de juras de amor,
Eu percebo todo seu fervor,
Quando me pede hora extra,
E logo a gente se aconchega,
Com seu calor que me chega,
E muito prazer nesta sexta.
  
No outro dia eu perco você,
Sem rumo, sem o que fazer,
Num momento conturbado,
Volta de novo à sua rotina,
Ao sentir sua triste sina,
Com o outro neste sábado.
 
E assim vai girando a roda,
Que pra mim já virou moda,
Esta vida de quer-não quer.
E enquanto ela nada decidir,
Eu vou tentando conseguir,
Toda para mim esta mulher.
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