E a liberdade se vai...quando o sonho se contenta...em marchar em marcha lenta...ou queixar-se sempre em ais...não me leves nunca mais...dentro de teu pensamento...eu prefiro meu sustento...a teus prazeres banais...viro o livro do avesso...falo...grito... e muito mais...só não paro com o lamento...mas isso já é demais...sinto tudo...a chuva... o vento... os prazeres sem iguais...mas não me fazem ser feliz...pelo menos não mais...penso as vezes em livrar-me desta indignação...do pesar...do desatino...desta tola e fútil intenção...de não estar tão redimido...quanto gostaria de estar...de só ouvir o zunido...ouvido a olvidar...sinto falta da jornada...com propósito singular...viro e reviro na cama...a pensar...soluçar...moro na mesma casa...mesma rua...mesmo lar...só não sou mais eu quem vive...é outro eu no meu lugar...viro-me novamente e nada...nada de sono...penso em diversas coisas...que droga...inda é outono...quanto tempo vai durar...essa vida sem sentido...já cansei de ser ninguém...preciso ser mais que um individuo...em fim durmo sono leve...volta e meia me acordo...e pensando a mesma coisa...logo, logo me acomodo...acordo e sinto uma falta...de algo a mais em meu ser...mas como...que estranho...como posso eu saber?...passa o dia...chega a noite...vejo o sol a se esconder...no rabisco do horizonte...logo tento me esquecer...chegará mais uma noite...já cansei de escrever...mais uma e outra palavra...é contrario a meu querer...deito eu novamente...e fico eu a pensar...será que estou certo...ou errado posso estar...quando de súbito me convenço...é claro...é esse lugar...mudar-me-ei logo agora...já não sou mais deste lar...e a dor se vai embora...levando consigo o rancor...o pesar...e nunca mais acha morada em nenhum outro...novo lar.

MARINI
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