Um anjo bateu lá em casa
à meia-noite em ponto
Já tinha feito minha cama,
dentes com escova escovado
Pra dormir estava pronto

O anjo entrou reluzente
com luz a sair-lhe dos dentes
O anjo sentou e quis conversar
Conversas de noite, de papos de anjo,
palavras doces, sutis sem ardis

O anjo passou toda a noite
a contar-me estórias
Estórias vividas de amor rechaçado,
de crime vingado, de beijos roubados,
de coisas achadas ou soltas na vida

Rasgou lá no peito com muita emoção,
tirando de dentro o seu coração
Assim eu dormi escutando esse anjo
e quando acordei, na barra do dia,
eu vi que o anjo partia


© Fernando Tanajura

Fernando Tanajura
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