Queria ser apenas humano...

Queria ser apenas humano...


O sol poente derramou luz na imensidão do céu.

O crepúsculo cedeu espaço às estrelas, às sombras de inspiração lúgubre.

O retrato convidou-me, perguntou-me se ainda vivia,

Refletiu humanamente que sou apenas lembranças, recordações,

pensamentos de uma tenra infância, um ideal de porvir. 


Tudo me parece distante, 

Como que a existência me fosse estranha.

Percebo que não sou desse tempo,

E encontro-me findado, enclausurado num instante incerto.


E sinto quase inveja do exalar das flores,

Exibem-me vida em abundância, a fartura.

E sou tão repleto de fome, admito

Que me sinto inferior, indivíduo frágil, inócuo.


Sou um fardo à morte,

Resisto à sua força, não pereço,

Sou peça imortal no tempo,

Castigado por um viver eterno.


Sou pedra à expiação da ação dos séculos,

Sou prova da natureza a enfrentar o homem.

Desisto, não sou mensageiro de um futuro vindouro,

Não queria a palavra profética, o dom dos oráculos.


Quero o instante presente, sentirei depois o passar das épocas.

Agora, queria ser apenas humano!
 

Jonathas Emanuel Guimarães de Assis
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