Nem comiseração, nem pena

 
Nem comiseração, nem pena
 
I
 
Olha o mundo, como está mudado
Antigamente, havia sentimento
Respeito das pessoas de qualquer lado
Deferência, consideração no tempo
 
Hoje, motivo torpe, vira arena
Abate-se o semelhante em plena rua
Não há mais comiseração, nem pena
A justiça, está no mundo da lua
 
O roubo, o latrocínio, fica impune
O povo não sabe a quem reclamar
Ao ladrão a pena fica sempre imune
A vítima, a pobre vítima... a penar !
 
Ninguém a ampara, não tem direitos
Afinal morto não fala, não dá votos
A turma, lá dos humanos direitos
Não fala com mortos; eles são ignotos.
 
E assim, vai campeando a impunidade
Por direitos escabrosos amparada
Esta, é nosso invulgar realidade
A vítima, fica sempre prejudicada.
 
Lei, que lei é essa que eu não entendo
Mesmo sendo advogado militante
Há cerca de quarenta anos, me rendo
À lei de execuções, tão extravagante.
 
Precisamos de mudar urgentemente
Anomalias grotescas em prol do crime
Colocar um ponto final nessa gente
Que dia a dia, menos se redime ! 
 
II 
 
Antigamente, o ladrão era finório
Tirava a corrente d’ouro da algibeira
Ou alternativamente a carteira
Inteligentemente, sem falatório
 
Na rua, ou mesmo dentro de um cartório
Não percebias o furto; pura arte
Hoje, assaltam na rua, em qualquer parte
De arma em punho, diferente do finório.
 
O ladrão de hoje, é violento feroz
Não sabe furtar com diplomacia
Usa o roubo, violência e covardia
Bem longe do ladrão, de seus avós
 
Antigamente o ladrão só furtava.
O cidadão perdia a carteira
O relógio, carregado na algibeira,
Ladrão de antigamente. Não matava.
 
Hoje ele rouba pertences e a vida
Sem dó, sem piedade, sem clemência
No louco intento de sua insolência
Numa longa inclemência incontida.
 
Como espectro perseguidor do bem
Neste mundo adverso o crime avassala
Sem medir consequências na lei resvala
Tropeça e esbarra nas grades, também.
 
Na cocaína, no álcool, ou na maconha
Quase sempre, no vício engajado
Envereda em destino incerto, arriscado
Cujo desfecho, não é, o que se sonha.
 
Porangaba, 10/04/2013 
Armando A. C. Garcia 
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ARMANDO A. C. GARCIA
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