Se Não Seria Flor... Não Sei Por Que Me Deixei Tocar

Se Não Seria Flor... Não Sei Por Que Me Deixei Tocar

 

Compasso raso de poucos traços
Sem finos modos e tratos grossos
Pensava ver tina sem frescura
Mais era fenda para fechadura
 
Adorno estreito e forma preservada
Textura firme nunca dilatada
Eu via sua probidade pura
Mas era o uso de outra lisura
 
Se não seria flor...
Não sei por que me deixei tocar
 
Frasco quadrado topo maltratado
As formas retas muito bem cobertas
Pensava ver curvas bem discretas
Mas era tábua de passar seletas
 
Roupagem solta veste meio frouxa
Couro em brancura nunca com pintura
Eu via bolsa prática e segura
Mas era alça para outra candura
 
Se não seria flor...
Não sei por que me deixei tocar
 
Manjar rosado farto e pesado
Peras caídas longe da cintura
Pensava ver frutas bem maduras
Mas eram fontes de outras doçuras
 
Cheiro de cravo nunca como a rosa
Folhagens cinzas rareando cores
Eu via flores como em meus amores
Mas eram cascas de outros sabores
 
Se não seria flor...
Não sei por que me deixei tocar

Imagem em http://olhares.sapo.pt/fl...
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Poesia elaborada em Aracaju/SE - Brasil