Vem de ti, quando erras pelo areal
a longe teu palácio de cristal
olhando, toda a candura infinita,
o orvalho que dos olhos do eremita
fulgura numa manhã radiante.
E, como se isso não fosse o bastante,
vem de ti as alvas pombas do céu,
dos campos lautos o fagueiro mel,
os anjinhos que brincam no ribeiro.
O teu olhar casto é um celeiro,
onde se encontra da vida o tesoiro,
onde resplendem os sonhos vindoiros.
Teu perfume na corbelha de flores
causa no seio intensos amores.
O mundo nas águas alabastrinas
beija a chama das tardes purpurinas,
e aos teus pés de cetim fica curvado.
É tão fascinante o berço dourado,
nessas lapas clementes o sacrário,
sob a lua o cântico portuário,
uma viola a alvorada evocando,
cindindo as relvas o vento soprando.
Vem... vem de ti a chuva na paragem
e a gota que reflete tua imagem.
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