Atravesso teus campos cinzentos e me sinto hipócrita.

Chego ao monturo e, tão falso, me atiro nele sem queixas.

Minha poesia é a transfiguração de toda minha vergonha;

Minha poesia é a dor transformada em palavra...

 

Corro cheio de sofrimento em direção a mim mesmo

E não encontro um abrigo em meu próprio ser.

Tenho tanta dor, no corpo e n'alma: parece um câncer

A roer tudo o que eu acredito, tudo o que amo ou amaria...

 

Letargia, apatia, dormência plena, anestesia...

Nem consigo sentir mais nada, tamanha é a dor.

Choque do real e do irreal, coma induzido ao espírito e o corpo,

 

Ficou deformado na angústia do que me tornei e dói ao extremo.

Quanta agonia, quanta mentira do que fui e sou, sinto-me um nada,

Mas o nada é a nulidade absoluta e não é humano para senti-la...