Sabe amor: sem mais te ser, sem mais me seres,
és hóspede certa do meu trauma.
Perdeu-se aquela inspiração,
perdeu-se um sutil destemor do amanhã,
aquele todo em nós que se amparava.
Foi então que contigo tudo se foi,
alguma coisa que de resto guardávamos,
que era leve, que palpitava junto
e que por isso era tão raro . . .
Tão raro quanto a perecível flor do desejo,
ao sobressalto do que podia nos ser suprimido,
e foi. Em que pétala a pétala oscilou em queda,
e caiu na exalação de um - bem querer,
ao embalo do pérfido -mal me quer- como
o eclipsar que era, do que absoluto fomos,
naqueles restos em pedaços . . .
Leve-os então agora, na extensão
de nossas insolúveis distâncias,
pairando pelas doces paisagens
que encantava-nos levitados.
E com todo aquele pouco,
mas imenso e imerso em nós . . . a meditar.
Recordando em agônico lampejo,
que daquele precário bem,
tudo vai dar apenas nisto: desapego,
vã consolação de cicatrizes.
Desperdício de pedaços; todos . . . tão nossos !!!!!!
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