Há momentos, na vida da gente,
em que a própria gente não vem mais.
Nem mesmo os passáros cantam ao redor.
E o silêncio é sepulcral.
Há momentos, na vida da gente,
que são mais urgentes que nós.
Há momentos, na vida da gente,
em que as estrelas parecem demais,
e o próprio céu desproporcional,
um tanto exagerado, assim, a mais.
O coração parece se retorcer e torcer,
até não aguentar mais,
e os olhos parecem um oceano abissal.
tanger as cordas do violão, gravar um depoimento,
são reservas, sobrevidas, para o futuro incerto,
para aquelas horas, em que o silêncio impera,
e o deveres morais, a honra, pedem passagem,
neste corpo habitado,calejado, sofrido,
despedaçado, mal-tratado.
Nestas vestes que teimam usar o branco.
Em que o verbo, surpreendido,
perde as estribeiras, o estribo,
cavalo, armadura e renda.
Perde tudo, a própria boiada,
e resolve descansar sua cabeça numa pedra.
Há momentos, na vida da gente,
em que as perdas, são enormes.
E o que há de mais nobre, aflora,
desatina, enloquece, desafora,
invade, e, como bardo,
resolve dividir, novamente,
todo o universo.
Há momentos, na vida da gente,
que não há escapatória, escape,
e o espelho, sempre presente,
revela-se o que ele é, essencialmente,
a face humana em sua grotesca idade.
a velhice do padre eterno, fugacidade,
a filosofia que quer ser perene,
mas, até quando?
Há momentos, na vida da gente...
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