Acima da Linha do Coador

Nata, mais nata mesmo
Me fazia feliz.
Era Simplesco
E ia simploriando os cômodos,

Incômodos por serem minúsculos;
Pequenos eram os nervosismos,
Nocivos se insistentes,
Incentivados na maioria absoluta
Por preocupações;

Precauções não sendo tomadas;
Tomadas desprotegidas
Chocando-se; as serpentes
Só nascem se chocadas,
Os escândalos só existem se chocarem.

Fico de queijo caído se me derreto demais,
Sou facilmente impressionável
Quando a pressão é constante,

Na estante coleciono copos,
Cascas, taças, sementes,
Uvas-passas de parafina,
Soldadinhos de metal enferrujados;

Na clínica particular o terapeuta diria
Que é uma boa terapia colecionar,
Não tenho grana pra pagar terapeuta,
Sempre fui peralta, tratamento pra marotíce
Era cinta, jamais apanhei.

Tamanho é documento,
Extrato não é pagamento,
Identidade não é só uma cédula
Com data de nascimento e expedição,

É teu caráter, tua atitude, tua coragem,
Tua concepção do que aprendeu,
Aplicou, questionou, descartou,
Revisou, reciclou.

Como incentivador
Te convido a escrever
E encher de sentido
O que vem desmedido
Acima da linha do Coador.

(Autor: Michel F.M.) ©