Lesto Destino

 
Começa lentamente seu curso incerto,
Eterno caminho de curtos encantos,
cantando a canção que acalma os ouvintes...
Colírio para os que a veem, ela percorre
Por sobre as pedras paradas, impostas,
seu fluxo cortado por períodos pungentes,
e se funde novamente levando a leveza...
Aos olhos lânguidos de flores flamejantes
e de vales verdejantes, ela veleja,
rumo ansioso ao léu, refletindo um céu
desenhado sobre espelhos retorcidos.
 
Corre com clara certeza,
Segue sem volta cortando o caminho,
Alcança a crista que todos queriam,
Conquista as correntes... 
Contudo, cai.
 
Alça um voo, sem volta, veloz
navegando no nada, vacila no ar,
Mas venera a vida vendo-se livre...
(Valioso momento, onde nada mais vale.
Somente o envolver de um véu invisível
faz com que tudo à sua volta se cale
e enleva a vaidade que a torna invencível!)
Vê! Vão-se os vis momentos e o vento alerta:
Vem o vértice vertiginoso que investe vingança!,
avisando aos vencidos que a vida se esvai.
 
Ela chega ao chão chicoteando a rocha, 
chacoalhando o charco ao chorar sua chaga. 
Treme, traindo-se num triste tremeluzir de fragmentos fracos
Transparecendo as trevas, sem trevos-da-sorte,
Provoca trovões, que num tétrico estrondo,
Destroem os trilhos alegres de outrora.
Trabalho díficil, juntando fragmentos, 
em meio a detritos, contritos, quebrados,
ela tenta juntar os pedaços,
(intrínseco estrago que a rocha causou...)
e procura, no escuro, algum rumo.
 
Encontra um caminho sem marcas, ausente,
e tenta outra vez acreditar no iminente...
Sente, num repente, a pontada.
Fagulhas frias fazem-na ficar inerte,
Estagnada.
Cristais 'branquiçados corroem suas crenças,
como veias veladas concretizam a dor,
congelando o compasso,
cristalizando a corrente,
liquidando, enfim, a liquidez.
 
Wesley de Andrade
02/09/2010

Depois de quase 3 anos sem postar nada aqui, de volta à ativa!

Maring

Wesley de Andrade
© Todos os direitos reservados