Senhor dos aflitos navegantes
que vedes para além da minha aflição?
Que terra é aquela, além
que meus olhos não enxergam
e que minha nau tem que alcançar?
Valei-me nesta hora de perdição
neste meu clamar,
e cuidai da minha gente que chora
tirando-nos desta angústia,
desta nossa aflitiva situação
e prometo que se essa terra alcançar
nela o teu nome e milagre irei gravar
É terra de praia, de horta e mato.
É terra de matusiños,
terra de gente pacata
de gente simples, cordata
que faz da pesca e da sua horta
o seu sustento, o seu colher.
Faz do olhar simples o seu viver!
Senhor dos aflitos navegantes,
se nos livrais deste nosso padecer,
farei dessa terra de horta e mato,
terra de gente do mar,
gente de labor, de luta,
gente de ciência e remar,
gente que a outras terras irá parar.
Farei dessa terra de matusiños,
terra de Infantes /Aventureiros e Descobridores,
navegando por outros mares,
namorando outros pares
conhecendo outros amores,
outros mimos e carinhos
Farei dessa terra de navegadores,
terra de poetas e trovadores
onde a Flor fechará o seu Livro de Mágoas
e da sua Bela Alma
nascerá o grito de mulher livre
como a planície do Alentejo
Farei de ti, Senhor dos Navegantes,
o senhor dos nossos destinos
e gravarei nessa terra o teu nome
Senhor dos Navegantes
Senhor de Matosinhos
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