crônica: MILIONÁRIOS NO BOLSO E NA ALMA

MILIONÁRIOS NO BOLSO E NA ALMA
 
“Steve (Jobs) olhou para mim, colocou as mão nos meus ombros e disse: ‘Larry, o que realmente importa é que eu sou seu amigo. ‘Veja você não precisa de mais dinheiro’”.
 
“Como o próprio Jobs disse em outra oportunidade: “Ser o cara mais rico do cemitério não importa para mim”. Ir para a cama à noite sabendo que fizemos algo incrível – isto é o que importa”.
 
Estas passagens ditas por um dos homens mis ricos do mundo e um dos mais criativos, me lembrou de uma passagem que eu tive em minha vida e que é bastante parecida.
 
Era época pós do governo Collor que tinha sido tirado do poder depois de muitos escândalos financeiros e de corrupção.
 
O seu braço direito e homem chave de todo o escândalo era o chamado PC Farias.
 
Este acabava de ter sido morto em um quarto de motel junto com a sua amante e o que me chamou a atenção foi o valor da garrafa de whisky que eles estavam tomando e já estavam na segunda.
 
Na época eu era amigo de um dos advogados mais bem sucedidos do Paraná e com quem jogava toda semana algumas partidas de tênis.
 
Eu tive uma formação, que hoje acho que foi muito útil para mim, embora em uma época passada, pós adolescência, foi muito prejudicial, que é o fato de sempre ter vivido, desde criança, sempre em meio a pessoas muito mais ricas do que a minha família.
 
E isto nunca prejudicou os meus relacionamentos, pois eu sempre era procurado para todos os eventos e nunca me deixei afetar por ninguém, independente do seu dinheiro ou não. As minhas amizades e o valor que eu dava a elas sempre foram baseados em outros valores.
 
E assim era com este meu amigo e eu lembro que depois de uma partida nos sentamos, tomando alguma coisa, na parte de fora da lanchonete, e entramos no papo sobre a morte do tal PC e eu perguntei a ele, um dos homens mais ricos que eu tinha conhecido até aquela época, como já disse, se não há um momento em que, depois de você ter tudo, se não chega uma hora em que, materialmente, você chega num limite, sem maiores ambições e ele me falou:
 
Este limite não existe. Se você já tem os melhores carros você começa a pensar em um helicóptero dos mais simples e depois vai querendo outro modelo e depois um jatinho com menos autonomia e assim vai, nunca tem um limite.
 
E eu que nunca fui de grandes ambições materiais e já vivo em “velocidade cruzeiro”, ou seja, sem maiores preocupações, o que para mim já está bom demais, não consigo abarcar este pensamento.
 
Eu lembro que o whisky que o PC estava tomando valia uns R$ 10.000,00 a garrafa ou algo parecido. Eu só lembro que era alto o valor.

E eu que em outras épocas até bebi desta bebida, enquanto estava separado. E a bebia, principalmente pelo fato de você pedir uma garrafa e não precisar estar toda hora chamando o garçom para trazer mais uma.
 
Há muito tempo eu não bebo mais nada de álcool e sei que a bebida só me fez mal durante toda a vida. Você começa pelos amigos e até chegar ao ponto de ver que ela só lhe faz mal demora um tempo.
 
Eu diria que a maior dificuldade das pessoas ou jovens de não beber é ter que ficar numa roda tomando água mineral ou refrigerante. Parece que todo mundo vai notar.
 
Mas que nada, quando você chega à consciência do mal que ela faz, você fica na roda e se diverte da mesma forma ou até mais. E eles depois de uma “zoada” não ligam mais também.
 
Não é a bebida que faz você ficar legal, é a tua cabeça e os amigos nem vão ligar se você está bebendo ou não.
 
Mas neste período, em que ainda bebia, uma coisa que eu não notava diferença é se aquele whiski era “red”, “dourado e preto” doze anos, ou “azul” dezoito anos.
 
A única diferença era no status de ter ou não uma garrafa desta ou daquela cor na mesa.
 
Para mim o sabor era o mesmo.
 
Vemos em filmes ou ficamos sabendo, por exemplo, que existem garrafas de vinho de R$ 60.000,00 ou mais. E pior, há pessoas que as abrem e não só deixam na adega pra “inglês” ver, como por exemplo, a adega do Maluff, que diziam era uma das melhores do Brasil, onde existiam muitas destas, e que realmente eram abertas conforme a visita.
 
Hoje já creio que ele não deva mais estar ligando para isso ou esteja ainda recebendo este tipo de visita. O ostracismo é a prisão dos vilões sociais.
 
Coitado, neste caso, era de nós, contribuintes.
 
Para bom conhecedor existem muitos bons vinhos na fase dos cem reais por aí, mas o que faz uma pessoa abrir uma destas outras é o status que ela vai trazer ao anfitrião.
 
Em certas condições comerciais até acho normal, mas a nível pessoal é até muita soberba, mas há o caso até de socialistas de carteirinha, como o Zé Dirceu, que era visto de vez em quando, no Fazano, em São Paulo. bebendo algumas destas.

E também por estas é que dizem, pelos preços caros, que em São Paulo só pessoas jurídicas é que jantam.
 
E o velho PC com a sua amante, apesar do whiski caríssimo acabou morto com simples balas trinta e oito mesmo.
 
Aquele meu amigo de quem eu estava falando ficou miliardário ao entrar depois no filão político, mas pelo que soube deixou a ex esposa em má situação.
 
Não sei se vale a pena ter tanto dinheiro desta forma, quando a própria mãe dos teus filhos não merecem uma fatia melhor dos teus rendimentos.
 
O acumulo financeiro, na maioria dos casos, é inversamente proporcional ao caráter e à moral e foi o que ocorreu com aquele meu conhecido.
 
Parabéns ao Jobs por uma cabeça tão boa.
 
Pessoas como ele, e que sentem o que ele disse, fazem realmente a gente ainda ter orgulho de alguns seres humanos.
 
Eu também soube de uma passagem em que um herdeiro brasileiro, vendeu 49% das ações da seguradora da sua família, colocando no bolso algo como 500.000.000 de dólares e ao comparecer no dia seguinte ao clube onde se reunia com os seus amigos e executivos, para se divertirem, estes perguntaram:
 
Ué, o que você está fazendo aqui?
E ele respondeu: Ué onde é que vocês queriam que eu estivesse?
Não é aqui que estão os meus amigos?
 
Parabéns a estes maravilhosos milionários.

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