Noite Fria...e Não Vazia


Noite Fria…e não vazia
 
A noite era vazia,
Mas no fundo daquela noite
Que pouco tinha de fria
Eu acreditei na sorte
E entreguei-me…
Entreguei-me a ti
De alma e coração,
Nem recordo tudo que senti,
Quando senti a tua mão,
Na minha a agarrar.
A noite pouco tinha de fria,
Sentime a transpirar
E todo o meu corpo tremia…
 
…e como há muito já me não via,
Tornei-me do gesto a aridez
Da entrega a ironia,
E quando não queria largar
A tua mão na minha, fria,
Pedi, em vão, à sensatez
Me desse ordem para parar…
Mas tu que és homem já me não vês,
Não entendes os meus porquês…
 
E no fundo da noite em nada fria,
Que noite era mas não vazia
Refugiei-me no teu denso calor…
 
…não me deixei embriagar de amor,
Pois das tuas mãos que me possuem,
Desses ternos laços que nos unem,
Não vale o escuro da noite fria
Mas sim o calor do sol a cada dia!
 
Corro bem atrás de ti,
Desde o dia em que te conheci,
Numa noite desse dia, tudo menos fria,
Onde a calma com que senti
Que a minha alma não era vazia.
Coisas docers em palavras colhi
E, hoje, disso faço minha alegria.
 
A lembrança de quando te encontrei,
Quando nos teus braços me deitei,
Quando em ti me tornei dia,
Quando te olhei e renasci,
No fundo daquela noite…afinal tão fria!
 
Mas  o frio não penetrava aqui,
O calor que o teu corpo me dava,
Era ar puro, era acalmia, fonte inesgotada
Do prazer da tua hamonia,
Naquela noite fria…e não vazia.
 
Cátia Mendes & Francis Raposo Ferreira

Francis Raposo Ferreira
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