Não negam cada um desses fios
tanto de cada arrepio
que me causaram
tê-los cobrindo o meu rosto.
É uma questão de gosto
-patológico ou não-
sentir falta do cheiro deles
impregnando o meu colchão.
Dirias tu
que nunca houve cama que nossa fosse
que nunca houve tempo que a nós pertencesse
que pecamos evocando preces
e que nada daquilo teria valido a pena.
Mas teus cabelos dizem o oposto
dizem-me do colostro
que bebi dos teus seios
dizem-me dos justificados receios
que eu e você
destilamos enquanto amávamos
dizem do que nunca negamos
de que podem passar anos
e que teu posto continuará intacto.
És musa,
minha musa.
Fato.
Ogro da Fiona
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