Pássaro Na Gaiola

 
Eu queria ter as palavras na ponta do lápis
Todo o dia é como se você ainda me esperasse
E como se ainda pensasse em tudo o que nunca chegamos a ser
Idéia e criador, parados na intenção
De nunca voltar a mencionar isso
 
Eu pensei em tornar-me você
Muito tempo se passou,
Você avançou e eu parei
A atitude travou em minhas articulações
E meus pés parados no chão sólido
Presos, acorrentados...
 
Pássaro na gaiola, você sabe como eu me sinto...
As algemas apertam meus pulsos
Você sabe como me sinto...
Quando o sol entra pela janela
E meu corpo inerte procurando forças
No passado, no futuro
Minhas perspectivas de um novo destino,
Novo dia, nova vida...
 
Alguém bate em minha porta,
Faz tanto tempo que não ouço a voz de gente viva
Estão todos mortos, todos inertes
Todos calados para mim...
 
E “isso” volta a minha mente...
A idéia, trancada em minhas pretensões
Escorrega como o tecido da blusa que eu visto
Como o gélido vidro em minhas mãos
Cai ao chão e se parte em milhões de pedaços...
Enquanto eu me sinto exatamente assim...
Em milhões de pedaços...