À beira da mata de verde intenso
da chapada diamantina,
nascente, quase divina,
de muitos rios e imensos;

vive um sábio quase centenário
que não acha graças, abomina,
a vida aprisionada à fração de horários,
a vida rotulada nas vitrinas.

Um vetusto caçador de diamantes,
dos idos tempos de peleja,
que não tem crença na infalibilidade da riqueza;
tampouco, na vontade política dos pátrios governantes.

Este sábio natural, embevecido
com a bondade que irradia da chapada;
embora, de fome tenha padecido,
acha sua vida uma dádiva.

Todavia, não se encanta jamais
com a modernidade da vida rotulada
e exposta,diuturnamente, nos murais
e nos jornais e nos vitrais e nos canais
e revestida d’uma felicidade ensaiada.

É antiquado, este homem meio medievo,
aos conceitos das pessoas pós-modernas.
Contudo, transcende a tudo que escrevo
a lucidez que sua sabedoria revela.

E não lhe acomete as supérfluas carências
da moda, da mídia, da exposição, do fast-food, embalados para viagem.
Pois que o viver, o prazer e o saber conjugados à decência
explicitada no cotidiano, bastam-lhe na vida - esta exígua passagem -.

Curitiba