Saúde publica

Depuro a minha dor
Com gestos frenéticos
Exaurido pelo cansaço
E os olhos quase sem cor.
Meus desejos são pragmáticos
Pressinto ao meu encalço
A cólera, atrelada ao rancor.
 
Tapumes escondem horrores
Olhos vasculham as esquinas
Lágrimas e gestos complacentes
Sofrimento nos frios corredores.
Odores penetram pelas narinas
O sangue reanima os viventes,
Mas não alivia as suas dores.
 
Com a vida sempre por um fio
Confiantes e muita fé em Deus
Choros e lamurios de toda sorte
No dorso um horripilante calafrio.
Consolados com carinho pelos seus
Alguns esperam à hora da morte
E outros um futuro incerto e sombrio.
 
Assim é a angustia dos pobres doentes
Nas filas e nos corredores gelados
Os sacerdotes e sacerdotisas da medicina
Lutam para aliviar a dor dos pacientes.
Quase sempre acertam, outras, são derrotados.
Seja branco ou negro ninguém descrimina
Tentam lograr a morte sem precedentes.

Eu construí estes versos quando estive de acompanhante de um amigo meu em estado grave e que permaneceu cinco dias nos corredores de um hospital publico por falta de leitos. Quero salientar que o hospital é uma referencia em medicina na América Latina, porem não conta com quartos e leitos suficientes para atender de forma mais humana o excesso de pacientes de toda a nossa região. Obrigado pela visita ao sair deixe um comentário ou uma simples critica.