Tantas janelas, tantos rostos, guardo nenhum
Tantos amigos, vagos momentos, rasos risos, cervejas e cigarros, trago nenhum
Palavras jazem na praia, sob a fúria das ondas do mar
Na estrada da vida, rumo ao horizonte, volto só a caminhar
Bem-vindo ao mundo pós-moderno, onde para a verdade não existe lugar
Sobre palavras ao vento, tudo o que é eterno em breve deve findar
Emoções ao relento, lágrimas me acariciam a carne que logo apodrecerá
Fito minha sombra, enxergo meu reflexo, vejo-me como vim ao mundo
Cavaleiro de gelo retornou para ceifar minhas tantas vidas em vão
Ensina-me a contemplar as faces e corpos que vêm e vão
Prestar atenção em que dizem as más línguas, como beijam as boas, enxergar as coisas como de fato são
Novamente desnudo no abismo das ilusões, labirinto-me ou me ascendo?
Encontro teúrgico guia meu olhar cirúrgico, castigat mores meu ridendo
Minha mecânica empatia suas dúvidas sanar, feridas a sarar e logo se retirar
Antissociedade, o ser social se enclausura no ego despersonalizado
Que largou mão da consciência, volta a um inconsciente personalizado
Ameaçado, frustrado se sente, pois descobriu que lá fora tudo está morto
Mortos antejacentes nos escombros do pós-vida me tornaram vãs memórias
Vívida solidão! Esses mortos não me respondem mais, então não haverá requiem
Nosce te ipsum, ipsis litteris, in hoc signo vinces
Desse meu próprio filme quero ser roteirista, mas não passo de personagem
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