Lendo o Salmo noventa tive um vislumbre da glória do Senhor.

Ele habita em luz inacessível, no âmago da escuridão silenciosa;

Para ele o universo entoa sua canção e toda a vastidão do cosmos vibra,

Pulsa em cadências de fantásticas energias.

Há um ritmo de estrelas que se dissolvem num alento final de luz

E emudecem, encerrando em seu ventre um poder tão grandioso

Que não podemos sequer imaginar.

Todas estas harmonias compõem a música na qual ele se deleita;

O universo inteiro é o trono da Sua presença.

O Senhor santifica a imensidão,

Sua doce respiração percorre as alamedas vazias do universo.

Há uma palpitação de amor sustentando a morada das constelações.

 

Bom seria, ó Deus, navegar em ti,

Sobre as tuas asas mergulhar na escuridão,

Acompanhar um raio de luz prateada no seu périplo em teu reino.

Porém, tu nos contemplas — a obra de tuas mãos!

Observas as nossas imperfeições, e não te agradas do que vês.

Então envias o teu filho, teu único e precioso filho,

Para que habite conosco, em nosso próprio espírito.

E assim, santificados nesta presença, podemos, enfim, ser um contigo.

 

Posso sentir em meu espírito a palpitação das tuas grandezas;

Posso habitar em teu universo.

Senhor, tu tens suportado a iniquidade dos homens,

Todavia o ruído da transgressão cessará, e a eternidade

E o júbilo infindo permanecerão.

Veremos face a face a tua maravilha. Ó perfeito gozo!

Para sempre o esposo e a esposa na eterna vibração do amor.