Quem muito encara o abismo, será encarado pelo abismo de volta...
E talvez seja assim que esse vaso empoeirado e deteriorado 
começa o caminho pelo seu próprio inferno de medo e revolta.

O que é amor? o que é dor? o que é esse sentimento de puro horror?
Ah... o frio, saudoso amigo sombrio, de silêncio gentil
Tão velho, quieto e senil.

É assim que se sente este vaso insolente?
ferido em revolta ardente?
fadado ao ferimento da lança pungente?

Nesta hecatombe de sentimentos bons,
não se sente cheiros, gostos ou sons,
só se vê um espectro desbotado de tons.

E com este vento com aroma de enxofre,
vago pelo gélido deserto da noite,
clamando pela minha punição em açoite.

E quando o fim chegará?
Quando a ferida curará?
Estarei vivo até lá?
Só Deus saberá.

Jonathan Cunha
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