Não era para ser assim
fechado.
Muito denso, sufocado.
Pesado de correntes,
nem arrastado como fardo.
Que diria de ti,
em falsa asa disfarçado,
na rima errante mantido,
concebido poema quadrado
lançado no vento, esquecido.

Não era para ser assim
ingrato.
Inglório momento insensato
de certeza partindo sem adeus,
em dedos sacudidos e meus,
misturados ao sal de lágrima.
Sabido era o barranco
de coisas descidas, afundadas,
borradas nos olhos de terra,
na guerra travada e perdida.

Não era para ser assim
sangrando.
Raspando a garganta.
Toda essa ventania,
escangalhando a madrugada
era tanta e não sabia
devastando a enseada.
Foi-se toda a ventura
porta afora de mim
sem dizer do fim, o fim.

De coração posto ao recomeço, anoiteço sem hora certa para alvorecer.

São Paulo