Longe Longe

Não a encontro
Aonde você está?
A procuro, sem sucesso
Procurei pela casa inteira
Todos os cantos do escritório
Nas caixas escondidas nos armários
No meio dos velhos discos e memórias
Quem sabe estará entre os livros, quem sabe
Até nos poemas rabiscados a procurei sem sucesso
Aonde deve ter ido parar, se até as velhas fotografias baguncei

Não a encontro
Certamente a perdi por aí
Quem sabe em algum caminho
Alguma estrada desapercebido por onde andei
E aqui nessa noite fria e sem sono, pensamento divaga
Devagar ele voa longe longe, recorre aos lugares mais distantes
Quem sabe em meio as divagações me venha uma memória qualquer
Qualquer vestígio, um relapso sequer ajudaria essa alma vazia a se encontrar 

Não a encontro
O incômodo é fatal
A melancolia vem e traz
Traz em suas asas fantasmas que
Inevitavelmente buscam povoar a minha alma incessante
Baús, memórias, páginas, histórias, sem sucesso a procuro e embora
Embora bata a vasta vontade de ir embora eu sei, lá, lá no fundo eu sei, algo me diz 

Não a encontro
E não adianta fugir
É certo, em alguma estação
A verei, e que seja no trem que vai
Sim, naquele que vai para onde eu também irei
O templo de minha alma me inspira a busca-la em qualquer lugar
Afinal sem ti me perco, sim, eu me perco já que és a minha maior procura
És estabilidade, és o riso da minha alma, és aquela voz que acalma, és afago de mamãe

Divagações inspiradas pela contemplação das bucólicas paisagens das Minas Gerais, Brasil - estradas, montanhas e trilhos. (01/2021).

Minas Gerais, Brasil