Se a existência é consumir-se em saudades,

Talvez seja claro que não existe um propósito...

Ansiar e apertar... Enfiar a mão nos pregos

Do mundo (sabendo que estão enferrujados) punge também a alma...

 

Desistimos de tudo e realmente ficamos sem nada.

Que sociedade enferma esta de tantos juízes!

O gole amargo e acre o qual seca a garganta,

É do líquido que deveria nos dar plenitude: a vida.

 

Sou o que de fato deveria ser ou involuí?

Retorno a momentos de imaturidade e insensibilidade

Apenas para descobrir que não quero mais ser assim,

 

Mas é muito tarde para renegar isto. Bate a solidão...

E olhando-me no espelho, vejo a mim e a um monstro disforme;

Sento-me na poltrona, sem ninguém... E há um imenso vazio...