Onde tu cantas?

Te escuto próximo de mim

Ligeiro como sempre.

Talvez num segundo

Levaste-me muito longe daqui,

Ao tempo infantil 

Do encantado mundo

Muito distante.

Na minha infância,

Cantavas nas mangueiras,

Goiabeiras e cajueiros do quintal.

Os teus gorgeios médios e agudos

Ativavam as minhas travessuras.

As crianças , assim como eu,

Escalavam as árvores

Na esperança de te ver de perto

Mas sempre foste esperto,

Voavas e voltavas alegre

Mas não como voltaste hoje,

Pousando inocente na rede elétrica,

Trinando o teu canto dobrado

Médio e agudo,

Lamentando o riacho seco

O quintal vazio de mangueiras, Goiabeiras e cajueiros

E os meus olhos

Cheios de saudade 

Em outra cidade

Te ouvindo cantar.

           (Paulo Rogério Aires Martins)

 

Paulo Rogério Aires Martins
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