BASTA QUE VOCÊ DEIXE

Penduro macacos na cabeceira da cama,

bananas no ventilador;

abro os vidros dos olhos,

sei que sou pequeno mas sinto um grande amor...

 

Escrevo música no guardanapo de papel de boteco,

penduro miúdos sonhos no alto, no prego;

devo à vida mas posso pagar:

basta que você deixe eu te amar...

 

Recolho estrelas que o universo declara cadentes,

faço móbiles com versos ditos por cebolas chorosas;

entretanto, entredentes, sibilo um poema solvente

que apagará as pegadas das más horas...

 

Entre ter o que não tenho e o que tenho não ter

prefiro a hipótese de abdução por poetas celestes;

entre ser o que não sou e não habitar no ser que posso ser

sinto-me honrado com a declaração da independência dos ciprestes...

 

Basta que você me enfeixe;

basta que você deixe...

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
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