Demasiadamente Humano

Demasiadamente Humano

 Ônus de ser? Já nem sei.
 Envia-me novas e lhe envio velhas,
 Pois que a poeira visita a estante,
 Pois que o tempo incomoda.
 A graça está no botão a eclodir em flor.
 Já vai tarde o momento do fruto maduro.
 É momento onde se almeja antes sementes.
 Nem jardins, nem estrelas, nem céu,
 Nem mares, ou oceanos, nem mesmo riachos.
 Apenas o vazio, o oco que faz eco no peito.
 E não tendo, não haverei de almejar,
 Pois que o destino está posto; as cartas na mesa.
 E por estranha melancolia vejo o cansaço.
 E este acena-me com lenços brancos
 E eu não o cumprimento, apenas o respeito.
 O heróico é meramente humano.
 A natureza divina passeia em nuvens celestes.
 E eu, anjo sem asas, me arrasto no pó da terra.
 Olho o infinito, olho a saudade, nada vejo.
 Oro sem palavras, mas apenas com lágrimas,
 Ocultas gotas de minhas vistas exaustas.

Gilberto Brandão Marcon
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