o futuro já era passado

 eu,

aqui sentado

com  o relógio ao meu lado

ele marca,  4h45,

quase cinco 

 

imaginei o ontem 

e o amanhã

como foi

como passou

marcou,

quem vai ficar,

quem ficou

 

o passado,

ao meu lado, 

já passou

esse poema 

passa, 

acabara de ficar

 

é,

como se ele pudesse andar

mesmo andando, 

ainda não deixaria de passar

 

o desenho animado que vejo na tv 

eu,

você.

 

a idade que se aproxima, 

dos 44

eu crio um clima, 

meio insensato

 

a garrafa de café que já esta tão fria,

como a noite bela, calmaria

 

até a luz do farol

que vejo nos fundos do quartel

uma prancheta,

um papel,

o céu

não deixa de passar

 

dos rios

deste vão,

de coisas vazias

que se foram, e ainda se vão

 

meu brasão 

no peito

feito de aço cirúgico

pra proteger-me da saudade

 campo, 

cidade.

 

a mil cadeados,

trancado,

ainda caleja-me 

por dias melhores

 

por versos

ou acordes

por algo que não se pode passar

 

meu nome de guerra

de paz , na terra

dos leões famintos por dinheiro

da luta dos que chegam primeiro

 da boca escancarada pedindo socorro

la em cima do morro.

 

dos ais dos homens aflitos

dos gritos

infinitos gritos

em vão.

do homem deitado no chão

 

dos amigos que não voltam mais 

 da minha mãe que ja passou, 

que o vento a levou

 

é mae! querida

vida.

eu sei!!!

sempre dizia:

que um dia,

partiria,

pro cosmos do céu

 você,

seu véu

 

a esmo,

espero não dizer o mesmo

pra quem coloquei no mundo

dói no peito 

no fundo.

 

só sei que caminhei

por milnas e milhas, 

calejei,

pras terras onde andei 

de infância pobre

deixei

 roupas, remendos

e rosto queimado do sol

 

daquela cidade

só saudade:

do farol,

da escola 

jogar bola 

 

a velha e nova estrada, 

uma jornada,

um rio,

 a jangada de pedra

a esperança dos dias de lutar por vitórias

o trabalho 

a glória

 

o cansaço 

o tempo e o espaço,

 

tudo passa

o vento calado ao meu lado,

o futuro acunulado

 já não era  falado

 

passou

emquanto caminhei 

ele também caminhou

 

e ele sozinho

sempre fez-me abrir caminho

carinho,

por passar e passear comigo,

tempo amigo.

 

 

 

 

JÂNIO MOREIRA
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