Todos passam com suas máscaras,
protegidos com seus guarda-chuvas;
Olham nos olhos, uns dos outros,
passam feito um raio pelas calçadas esburacadas.


Sisudos param nas faixas,
aguardam pelo abrir do semáforo;
Enquanto na vala, descansa a bituca
semi-acesa, agoniza na brasa...


Transeuntes eloquentes,
todos se desviam, feito máquinas;
Hum a hum, a direita ou à esquerda,
incansáveis como as formigas.


Numa silente, entorpecida por seus sonhos,
no útero das máquinas, geram o futuro do país;
Cidadãos paulistanos,
homens, mulheres e estranhos...


Todos tomam seu caminho de volta,
na contra-mão de seus desejos;
Ociosos como o farol no amarelo,
esperançosos pelo apagar do vermelho;


O sol acompanha alguns até a porta de casa,
para outros, a noite chega primeiro;
Lá vão as formigas, sisudas, disciplinadas...
Todas elas com suas máscaras.


Marcelo Henrique Zacarelli
Santo André (SP), Setembro de 2013 no dia 17