O Valor do Espírito Quebrantado

Nós vemos no capítulo 17 que o espírito queixoso de Jó havia dado lugar agora a um coração quebrantado. Ele mesmo declara que seu espírito se encontrava quebrantado.
E o que dizem as Escrituras acerca do espírito quebrantado?
“Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.” (Sl 34.18)
“O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Sl 51.17)
“sara os quebrantados de coração, e cura-lhes as feridas;” (Sl 147.3)
“Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.” (Is 57.15)
“A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.” (Is 66.2)
Jesus diz que bem-aventurados são os pobres de espírito, que é o mesmo que ser quebrantado de espírito. Quando não tivermos isto, Ele o produzirá em nós, caso sejamos Seus servos, tal como fizera com Jó. 
Podemos afirmar portanto, que o coração de Jó chegara ao ponto esperado por Deus, e que logo, logo seria provido o seu livramento.
Jó tinha diante de si a morte, e seus pensamentos eram apenas pensamentos de morte (v. 1).
Assim como os urubus rodeiam aqueles que estão dando sinais de morte, de igual modo os zombadores cercam os que estão em grande penúria, e escarnecem de suas fraquezas, e isto é também aflição para os que sofrem.
Ninguém pode nos valer nestas horas senão somente o Senhor ou aqueles que forem realmente levantados por Ele para nos confortarem.
É comum que atravessemos estes vales sozinhos, porque mesmo os que se encontram ao nosso lado não podem ser companheiros de nossas almas sofridas, enquanto eles não privam dos mesmos sofrimentos. 
Somente o Senhor pode compreender a alma sofrida e fazer-lhe companhia.
Então foi a Deus que Jó pediu um penhor, ou seja uma garantia de que seria com ele, e também que lhe estendesse a mão para apoiá-lo naquela hora que sentiu estar abandonando este mundo. 
Mesmo em sua agonia Jó não perdeu a visão da verdade de que o justo prossegue no seu caminho e que o que tem mãos puras vai crescendo em força, não em força física propriamente, mas em força espiritual diante de Deus, tal como ele começava a se sentir agora, conforme lhe permitia a graça que o Senhor estava lhe concedendo, em resposta à Sua oração para que lhe desse um penhor e a Sua mão amiga.
O penhor que Deus lhe dera é o mesmo que Ele dá a todos os seus santos em suas aflições, a saber, a sua graça, com a qual são fortificados.  
Fortificado pela graça, mesmo ainda em meio aos seus grandes sofrimentos, Jó não estava mais colocando a sua esperança no seol, na sepultura, mas no Senhor (v. 10 a 16)
 

Silvio Dutra
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