O sobrevivente

 

 
Como?! O quê?
Eu fiquei só, quando dei por mim estava só.
Meus pais, meus irmãos, os meus amigos... Virara fumaça!
Foi numa tarde, ou numa manhã eu não sei direito.
A vista estava embasada, as pernas trêmulas.
Eu gritei, gritei, mas ninguém me ouvia.
Deitei no chão esperneei e mesmo assim nenhuma resposta.
Olhei com cuidado ao meu redor, e os móveis estavam gastos,
Cortinas e almofadas roídas...
As minhas mãos...
O que fizeram com as minhas mãos?
Essas mãos engelhadas com manchas senis não são minhas...
Mãe, eu quero a minha mãe!!
Procuro espelhos pela casa, mas não estou encontrando nenhum.
Quem escondeu todo mundo, escondeu também os espelhos...
Já sei isso é uma pegadinha!
Oh, coisa sem graça, coisa de quem tem tempo a perder...
Tempo a perder...
Acho que perdi muito tempo sonhando, achando que quando acordasse,
Tudo ainda ia estar no mesmo lugar
O tempo forjou esse jogo.
Esse jogo de azar, que ninguém mais aguenta.
Fui dormir com dez anos, acordei aos oitenta...
 


 



Janaina Cruz

 

Essa poesia foi criada, no momento em que observava um senhor que caminhava sozinho, ele procurava conversar com alguém, contar coisas que lhe apeteciam, mas as pessoas não pareciam ter muita paciência para escutá-lo.

Logo, imaginei que sua vida deveria ser bastante movimentada, e agora parece vaga e vazia como seu olhar, e essa não é a escolha dele, a culpa é das coisas como estão.

Juazeiro do Norte- Ce