Nesta noite de lua cheia, vejo-a quase minguante...

Meus olhos enevoados para tudo, a visão praticamente cega.

Descrença com crença, paradoxos em minh'estranha adega

Onde fermento meu sangue para prová-lo no próximo instante...

 

Procuro entender sentimentos, mas eles são para se sentir.

Procuro misticismo na lua, alcançá-la, mas é apenas um astro.

Vago em oceanos mentais em um navio imaginário e sem mastro

Apenas para ficar à deriva e deixar a perdição fluir...

 

E se hoje estou neutro diante da magnífica lua

É porquê não insisto mais em velhos erros (a emoção recua)

E surge um gótico, pálido, inconcebível e colossal luar...

 

Minh'alma é que mingua, não a lua nesta noite estrelada.

Pudera eu ser pleno, infinito para verter luz nas trevas da estrada

E arrastar para longe as mágoas de todos em meu interior, este tenebroso mar...