"Quando menos esperamos as coisas acontecem. Eu havia me despedido dele na internet, daquela manha e pensei que permaneceria ali, como havia sido nos últimos meses. As coisas entre nós já não fluíam mais, o lado indiferente de toda aquela personalidade xis estava a muito tempo no comando, exceto por um dia em que me comparou com uma personagem de algum seriado, pude sentir um pouco de calor humano naquelas palavras que lia – sorri – isso não era comum dele. Já não esperava por mais nenhuma espécie de reaproximação entre nós, na verdade aproximação, talvez na verdade nunca tenhamos sido de fato próximos um do outro. Eu estava começando a ficar esperta, aprendendo a controlar toda a essência que ele  deixara percorrendo em meu corpo em alguma noite.  Era sábado, festa com os amigos, nada poderia dar errado e então eu o vi... Meu Deus, como estava lindo, como ele é lindo! Naquele segundo já sabia que meu dia seria pura adrenalina, emoção, coração, inesquecível... Esquecido. Entre um gole e outro sentia a bebida rasgando tudo adentro, ele se aproximava e os meus sentidos desapareciam, incessantemente. O cheiro, o gosto, o beijo, a pele, o toque... tudo tão atrativo, tudo tão perigoso. Eu havia prometido a mim mesma que isso não aconteceria mais, pois no final das contas sobram apenas eu e a maldita consciência pesada. Mas como evitar? Como dizer não a tudo que eu mais desejava? Impossível. O tempo passou e então eu me vi deitada em minha cama, com a maldita consciência recuperando os fatos e se pesando aos poucos. Tudo aconteceu de novo... Aconteceu? Não podia afirmar, eu não posso afirmar – chorei – Por que Deus, por quê? Mas o destino sabe o que faz e se ele, de parceria com a bebida me fez esquecer é por que sabiam que eu não aguentaria, sabiam que seria demais. Então as coisas voltam ao normal... Eu aqui escrevendo lamurias, ele de lá do computar e a minha consciência cada vez mais pesada."


- Paula Daniely.