Ah, meu doce sonho
esperei colher em janeiro
plantio de amor verdadeiro
um sentimento sonhado
deliciosamente temperado
mistura de algo puro e intenso desejo
mas me acalmo segurando ansiedade
que me tornava outrora uma presa fácil
pelo calor e inocência juvenil

Ah, meu março
enfrentei muito frio e chuva
depois de pés calejados
queimados em um braseiro
que me ardeu em fevereiro
tanta dor que me feriu
dezembro, me matou duas vezes
painho partiu sem dizer-me
o que fazer com algo tão vil?

caído, sequei por todo novembro
roubaram as frutas de outubro
setembro traiu meu amor primaveril

um desgosto na colheita
envenenou minha alegria de agosto
e a deslealdade de julho
fechou aquele inverno seco
em junho nasceu o laço eterno
usado por um insano ego
que faz das pessoas, coisas
e em maio derrubou as folhas
do que eu tentei reviver

esse ano eu colherei doces planos
plantados em meu campo dos sonhos
sem amargar, nem temer

o jardim está  a florir
no ar um cheiro de amor
brotando do solo fértil
que rego em meu coração
com chuva de esperança
a rosa dos ventos dança
e me aponta de qual caminho
virá o quinto elemento
para iluminar meu sonho de abril

 

 

sonhando pelo mundo

André Ferreira
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