Em nossos anos, de tudo por que passamos, nada é mais transformador do que um forte e poderoso amor. Ele revolve nosso mundo, desperta-nos do sono profundo e torna o frio da existência a mais intensa experiência de luz e calor. Por vezes manso, outras vezes forte e tenso, como um escultor o amor nos lapida para que a vida, outrora inerte, se liberte e ganhe forma, revivida.
 
Mas quem busca no intenso amor tranquilidade, que ouça esta verdade: dias parecem meses sem a pessoa amada; de madrugada, a alma insiste em ficar acordada, e se dorme quer logo despertar, para de novo conviver com a luz que a veio habitar, com o fogo que a faz arder. Nenhuma toada é capaz de trazer paz a quem está repleto de querer, pois isso quem pode fazer é única e tão somente a pessoa amada.
 
Mãos que se unem e se munem de indizível ternura; bocas que se beijam com doçura e ensejam prazer sem fim; braços que se abraçam como laços de aço e perpassam a vida com a acalorada sensação de chegada sem partida; a alegria de reencontrar, a dor de se separar, o pensamento constante... tudo isso, no amar, é preponderante.
 
Para quem ama, viver é um eterno querer. Querer se dar, querer falar, querer abraçar, querer declamar, querer dançar, querer encontrar, querer se desmanchar de tanto querer proteger. E também há o sofrer; sim, sofrer quando o ser amado não é possível ver ou ter. E querer assim, um querer sem fim, torna o nosso viver um constante alvorecer, uma expressão do mais puro, insano e completo prazer.
 
Por isso, o amor eu saúdo estendendo o veludo de meu sentimento sobre o solo de cada momento, para que em mim seu caminho, embora tenha espinho e dores, seja cheio de flores. E movido por ele, possa eu ser sempre um ninho repleto de carinho para receber minha amada, a predestinada que o amor, com o ardor de sua cantoria e infinita sabedoria, escolheu-me para encontrar, para me apaixonar e eterna, inexoravelmente, amar. 
 
 

HC
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