Quero ser a estrela que menos brilhar

 
Eu quero ser a estrela
Que menos brilhe
Mas que permaneça,
Que não caia nem desapareça
 
Quero ser a cadente
Que travessa corra pelo céu,
Quero ser a esperança
De um pedido com fé
E a concretização em breve
 
Não quero todo esplendor,
Pois seria apenas dor
Não me achegar
E sentir de cada olhar o tocar
E o partilhar da luz em mim
 
Explodir nas almas escuras
E as iluminar, as contagiar
Nas réstias de um novo pulsar
Nunca antes  sentido
Que não se é vendido,
Mas com esforços, adquiridos
 
Ser estrela é iluminar
Não furtar o brilho dos demais,
Ser estrela é guiar
Não opacar nas alamedas tortas
 
Ser estrela é estar no topo
E não se vangloriar com um brilhar
Que a qualquer momento
Pode se apagar e o abandonar
 
Quero ser por todos vista,
Mas nunca destacada demais,
Pois dizem: dure o suficiente
Pra ver sua desventura
Ou expire herói cedo
 
Quero a camuflagem normal
De forma apenas natural
Nada de anormal ou maioral
 
Quero ser uma das primeiras
A nascer no adormecer do dia,
Quero ser a fiel companheira
Da lua a encantar
 
Quero ser a mensageira
Que carregue a dádiva
De concretizar os sonhos
Cabíveis dentro de um olhar
 
Só quero que minha cauda
Deixe vestígios entre os séculos,
Da minha alma fanal
Que um dia venceu obstáculos,
 
Que um dia também olhou ao céu
E em prantos pediu socorro,
E por baixo do véu louvo vitória
Pois me caiu linda história,
 
Mas nunca meu brilho
Poderá se apagar
Nunca minh’alma
Pode deixar de brilhar,
 
Pois tenho muitos olhares
A alimentar, a iluminar
A preencher, a conquistar
E guiar até a passagem
Para o ponto final
 
Mas quero ser estrela
Mesmo que seja a que menos brilhar
Desde que seja até o final.

Allinie de Castro
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