Em meio a rosas
brincam as crianças
alegria e profusão de sentidos
entre sorrisos
e caras emburradas
inocentes corações
não medem senões
não abrem mão
das brincadeiras
de sim e não
 
As crianças que brincavam
crescem
querem tato
dispensam sapatos
vestem-se de joão e maria
avançam sinais
colecionam multas
e testam seus sinais vitais
 
Crescidos
tomam vodka (!)
experimentam fumo
medem-se
mexem-se
e se consideram adultos
porque beijam melhor
de quando eram apenas crianças
 
As rosas de outrora
transformam-se em metal
cortam os sentidos
machucam a carne
maltratam o coração
e chegam a conclusões tristes
e se lembram
de como eram felizes
quando crianças eram
 
Depois de tudo
de sofrerem com tanto
os cabelos embranquecerem
as mãos se tornarem largas e frouxas
a pele enrugar
e outras rosas nascerem no jardim
tornam-se crianças uma outra vez
depois de apanharem tanto da vida
e de aprenderem
a duras penas
que crianças brincam
e são felizes por assim serem
apenas e unicamente
crianças...
 
 
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A. Rego
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