Viva a dor de cabeça!

 
Não!
Honestamente, nunca tive tanta preocupação!
Tomadas, moedas, quinas, copos no chão!
Não, 
nunca rezei tanto por precaução.
Pro tempo, pro morro, até pro moço da injeção.
E a cada bala perdida,
Criança pedinte no sinal,
aumentam as rugas da minha testa
e as infinitas linhas da minha listinha.
Sim!
Nunca fiz tantas listas por premonição:
Casaco, brinquedo, fralda, mamá e o redoxon.
E, ainda assim, acordo suado no meio da noite
a me perguntar se fiz tudo o que pude.
Então, logo percebo que não, e volto à lista da precaução.
Ha! Se eu pudesse antever cada possível tropeço, choque,
arranhão, queimadura...
Se pudesse afastar cada espinho, mosquito,
desilusão ou fratura!
Talvez, aí sim, eu pudesse dormir...
Mas se eu me deitar, quem no meu lugar há de se preocupar?
Pior, se eu morrer dormindo: o que será do meu menino?!
Tudo bem, ser pai é mesmo uma coisa bonita
É um amor que não tem tamanho,
Uma paixão pra toda vida
Só que ninguém se lembrou de falar
Que é também uma dor-de-cabeça fudida!
 
 

Vini de Lima
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