Quando é que findará
Esse senso de vazio
Que hoje me corrói o peito?
Passará um dia? Será?
Posto que já não agüento...
Minha alma desistiu...
Pois busco dentro de mim
(Sempre em vão) determinar,
Achar o começo do fim
Desse meu vazio infindo...
E tento raciocinar
E só vou me confundindo,
Pois se tento adicionar
Eu acabo dividindo;
Pois se tento limitar
Eu acabo é expandindo;
E se eu tento explicar,
Este vácuo me preenche...
O meu nada me transcende...
Minha poesia morre.
Meu silêncio se propaga
Num tempo que aqui não corre,
Num sempre que logo acaba,
E quanto maior se revela
Mais dentro de mim se concentra.
E minh'alma se rebela
Em auto-fúria violenta,
Porque não concebe a mente
O que percorre o coração.
E aguardo o fim do eterno
(Que não tem fim desde sempre)
Pra poder saciar, então,
O inegável anseio interno
De compreender, afinal,
Que o meu vazio pessoal,
O meu pesadelo sem fim
Só é infinito pra mim.
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