Um ladrar rouco
Nas ruas escuras
Ecoa aos poucos
E algo procura
 
Por que ladrar
Pobre cão sujo?
Ninguém no mundo
Poderá te escutar
 
Bramir e chorar
De nada adianta
Ninguém irá ajudar
Portanto te levanta.
 
Oh! Pobre cão sem sorte
Corre a perna e morde
Seu infante amigo traidor
Dos seus ossos o ceifador.
 
Por que te estragas comendo o mal
Da carne indigna, pútrida e fétida
Do cachorro de rua sem moral,
Vergonha na cara ou ética?
 
Teus grunhidos selvagens estão jaz
Sobrepostos às perenes leis das ruas
Logo não encontrarás mais paz
Nos teus vícios nas noites nuas.
 
Cão perdido e deprimido
Já não tens aquele sentido
Nas vazias aventuras
Dos passeios nas loucuras
 
Estás vazio por quê?
Perguntaste a quem?
Quem é você?
Por que ficar aquém?
 
Já não falas; balbucia.
Já não comes; devora.
Já não escutas; grita.
Já não aprendes; ignora.
 
Qual o motivo de tudo
Deste teu vagar solitário?
Do grito taciturno?
Do cão injuriado?
 
Em pouco tempo
Estarás tão afundado
No próprio momento
Igual um desesperado.
 
Está ficando tarde
Teu poço é sem fundo
Envelhece-lhe a saudade
Teu coração escuro.
 
Quanto acha que vai durar
Neste ritmo destrambelhado
Tua vida, tua alma no mar
Teu languido latido talhado?
 
Não tem mais colo
Somente eu por ti oro.
Não há quem te afague
Somente quem afogue
 
Só queres saber a penúria
Esqueceste que existe o cio
O corpo sente a lamuria
Clamar o hormônio no estio
 
Queria apenas fazer pirraça
Por isso de ti fugiu
Agora pisa na tua cara
No final ela é como todas no frio
 
Se te convenci volta pra casa
Ah pobre cão meu, de raça
Está esperando a tua lata
E o disco de roda, no nada.
 
Está é a única verdade
Da tua aventura louco cão
Vou contar sem maldade
Para alentar teu coração
 
Levanta o rabo e ignora
Vou falar bem sutil
Ela não passa de uma cachorra
Fácil e fútil! Fácil e fútil...

 

Diego Duarte
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