Abrir-me por inteiro e balançar pernas, mãos, olhos para vê-la.
E de forma distraída tatear o sol, a lua, o céu ou uma estrela.
E no silêncio intenso do universo desenhar ternuras, imprimir afetos.
E nessa imensidão pairar imerso em beleza plena de estrofe e versos
Sentir o perfume do botão de rosa que com odor marcante são tal e qual confissão já feita em canto e prosa perfume que em teu corpo exala igual.
Tocar com força o teu botão da roupa deixar cair então tua vestimenta alva
Ouvir tua voz que como flauta rouca me sangra o coração, machuca a alma
Tomar um atalho, evitar desvio.
Te entregar meu coração andejo rasgar meus versos jogá-los ao rio.
Seja no São Francisco ou nas águas do Tejo
Deitar no asfalto com olhos pro alto e como um filme antigo te rever dourada
E embora cinza eu queira azul cobalto as cenas,
todas tuas,
ó minha doce amada.
E eu quero ser um anjo; embora marmanjo.
Quiçá um anjo doido, bizarro, barroco.
Tocando lira... Harpa, ou talvez um banjo.
Podendo alegre ou triste, viver como louco.
E de tão demente pedirei então mesmo que do prato nem sequer desfrute um punhado de quibe em pleno sertão ou uma maxixada quem sabe em Beirute
E me torno então um místico romeiro Peregrinando no Brasil, ou mundo inteiro. Pagando a Padre Cícero promessa em Juazeiro ou queimando no Nepal incenso no mosteiro
Na verdade o meu desejo é te adorar tão linda no andor tão pura no altar e preencher meu sonho lindo ao fim do mar na certeza que o horizonte é teu olhar
E nesse amor como anjo me quedar ou como louco espernear gritando
Inspirar-me em ti, poetizar.
Seguir na eternidade... Amando... amando
O que mais me encanta é dizer que sou ateu, mas você sem Deus eu não posso acreditar.

André Luis Magalhães
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