...como que vestes te apresentas
que disfarces a vestimenta
a nu te expões ?...

pouco importa as ruas desertas
as portas entreabertas
o furor dos vendavais

os arrebóis no horizonte
réstias filtradas nas nuvens
deleites em nuances de sentimentos

se as palavras que cabem numa folha
escassas de sentidos e significados
é tudo o que tens para se explicar...

para montar o cenário tosco improvisado
com o pouco que te resta de recursos:
um banco, uma peneira, uma rede puída...

talvez deitado no pano surrado entre estacas
num arremedo de assento de madeira
e o arco concêntrico... desenhes o mundo

em versos mudos
em cenas mortas
em sussurros...


...um mundo de emoções a ser retratado no universo das palavras estreitas no alfabeto, sutillezas imperceptíveis, nuances, que palavras imaginam e não apreendem, sentires que transcendem à capacidade de serem captadas em todas as suas cores...