PRIMEIRO ATO

 
Primeiro ato
 
“ cenário com o fundo de cortinas cor goiaba, uma cadeira ao centro do palco, móveis clássicos ao redor e duas escadas laterais. Homem frágil e solitário sofreu um grave acidente e a cadeira no centro do palco: cadeira de rodas, acredita ser traído pela esposa e segue em um longo monólogo , onde a platéia curiosa imaginava varias possibilidades e finais para a peça. As cortinas se fechavam, o público aplaude e retornavam cada qual a sua realidade.”
 
Chega em casa, tira os sapatos, bebe algo e escuta sua musica favorita, deixa a porta do banheiro aberta caso o telefone tocasse e durante o banho tem varias vezes a impressão de ouvir o mesmo tocar, fica atento a todos os barulhos, come algo, toma seus remédios e dorme
 
“ cenário sem móveis uma única luz no ator, mais tarde entra outros personagens onde encenam o cotidiano de uma família classe média onde há grandes conflitos entre pais e filhos, pais se separem e os filhos vivem o drama. Aplausos’’
 
Diz ele estar cansado, antes o que mais queria era ficar sozinho, ele esta cansado de se sentir só, ele cumprimenta por educação, tem um bom papo por educação é educado por educação.
 
Nunca teve um grande amor e nem é grato pela sua sorte, não vive instensamente e nada esta bom ou ruim; é um bom profissional, na terapeuta diz que é uns dos únicos momentos que vive realmente, diz que pode ser qualquer um que o diretor mandar pode ter amores,duvidas,conflitos, soluções , platéia e aplauso, ele costuma ser convincente e concentrado, grava bem as suas falas até improvisa.
 
Cenário repleto de detalhes, colorido,humor, pessoas riem por todo teatro, desde o palco até as cadeiras azuis abaixo o palco. Critica. Três artistas que trocam o figurino desesperadamente pelo motivo de representarem mais de um personagem.
O sábado se encerra ao acender das luzes do teatro.
 
Demorou algum tempo até que fosse chamado para fazer várias peças, para que passasse grande parte da sua vida ensaiando, decorando, estudando, demorou para que pudessem lhe pedir autógrafos e o reconhecesse longe dos palcos.Ele se sentia importante, ativo, competente como se isso pudesse acariciar o seu ego, mas ele se sentia vazio, tinha inveja da vida de seus personagens que mesmo autênticos ou fracassdos era isso e pronto a platéia percebia porque ele os faziam perceber.
 
Ele descobriu que era o fim de algo quando não sentiu mais o frio na barriga nem o aperto no peito antes de entrar no palco.
Ele se sentia sem vida, e tomou a vida de seus personagens para ele, mas agora já não os fazia tão bem, eles eram intactos mas sem vida e para ele agora era apenas uma noite qualquer, se sentiu mentiroso e entediado.
 
Longe dos palcos não havia luz enfocando nele, não havia pessoas para concentrar, não havia platéia para assistir, nem aplausos por suas vitórias ou gargalhadas, nem por qualquer palavra ou piada, não era possível ensaiar o que ia se viver e ele não suportava não ser o centro das atenções, ou não ter um enredo a seguir se sentia farsa e de fato tudo que fazia agora era.
 
O espetáculo da vida ele deixou na mão, preferiu assistir do que atuar.
As cortinas se fecharam.