Quando o silêncio fala

Quando o silêncio fala

Inquietante(mente) brada o silêncio,
De tão calado, quieto, eloqüente,
Ouve-se sua fala, repercutindo ecos
A penetrar o ego, prepotente,
Como resposta ausente de quem cala,
Como monopolizador de quem consente.
Alucinadamente, o silêncio enlouquece,
Mudo, cria sons...Estático, move-se rápido,
Silenciosamente, inunda de falas as esquinas...
Às vezes entristece, por outras, ele aquece,
Reacendendo ímpetos da emoção,
Agindo hábil, ave de rapina,
Criando asas, aguçando a imaginação.
Responde o não perguntado,
Afirma o não respondido,
Confundindo em alto e bom som
O que nunca foi falado...
Bradando alto, grito calado.
Dá margens para interpretação...
Ilude, desilude, omite, difunde,
Em alucinante (con)fusão
Tudo o que nos arrebata...
...Ou quase mata...
Fruto da imaginação!
Carmen Lúcia

olhando o vazio, no silêncio da noite escura...