Entre mar e pedra tocam-se
alga e espuma, eco e silêncio:
e é uma linha tênue a do grito
quando fere a pedra o mar.

São palavras as cantigas humanas,
também os gestos que esculpem a natureza
do sorriso, da lágrima, qualquer cor
guardada na memória após a ressaca.

Há uma donzela na borda do oceano,
na ponte, no alto, com olhos longe:
ela quase pode quase tocar o céu, quase cair no mar
tão alto, tão alto, e tão longe seu sonho.

Espera uma resposta da água, no horizonte,
espera ser parte da pedra onde repousa seu sono -
o que retorna dos dias é sua imagem refletida,
aguardando um amor que não voltará.