Nos caminhos que andam

Nos caminhos que andam, você não está.
Descontinuidades, certezas, animalidades, prestezas,
Uma descoberta, e já não te amo mais.
Outra descoberta e não te esqueço nunca mais.
 
Naquela sala de visitas, tu e ele, sentados,
Lado a lado, e eu a julgar impropérios.
Tua paixão me ignora, e eu, sofro,
Esquecido de mim viaja, a procura de algo, que nem sei.
 
Sou como teu abajur, esquecido,
Num canto da sala, assim.
Dorme a noite, no anoitecer,
Enobrece teus sentidos, mas não os meus.
 
Dobrei a esquina, e fui, como se vai mar adentro.
Na dobrada da esquina, fiquei.
 
Teu olhar, na janela, foi definidor.
Com quem olhar o horizonte, já escolhestes.
Cabe a mim, reles mortal, esquecer as sombras.
 
Neste teu olhar, apaziguador, contempla o futuro, e muito mais.
Minha paixão é mais minha do que tua, e vou seguindo assim.
 
Esqueço de mim, de ti, do universo, me ausento.
De momento, peço folga para Deus.
Esqueça-me, por favor, na quinta avenida, na avenida paulista, na avenida sete,
Na avenida Augusta, em todas as avenidas, esqueça-me.
 
Existe algo de podre em mim, que nem eu agüento.
É um tal de tédio, um sem fim, que não se acaba mais.
Mistura tudo, músculos e alma, e vê,
Um pequeno monstro foi feito, e não tem volta.
 
Vou assim, perdido numa estrada, em Portugal,
Caminho, sem temer a morte, assim.
Dois passos, e já estou lá.
Mais dois passos, e já não encontro mais.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Sobre C. e suas escolhas. Que eu não posso intervir.

Bagé, 17de janeiro de 2007.